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Estudo mostra que óculos escuros atuais não protegem totalmente os olhos

O teste de qualidade e segurança das lentes dos óculos escuros em relação à radiação ultravioleta precisa ser revisto. Isso é o que aponta um estudo realizado por pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP). A pesquisa, publicada em agosto na revista científica BioMedical Engineering OnLine, aponta que, na forma como é feito hoje, o teste é ineficaz para assegurar a proteção das lentes dos óculos de sol à exposição à radiação UV.

“O teste é incapaz de assegurar que as lentes de óculos de sol comercializados no Brasil conferem proteção à exposição à radiação solar em limites considerados seguros pela Organização Mundial da Saúde [OMS]”, diz a professora Liliane Ventura, coordenadora do projeto da USP, à agência de notícias da Fapesp.

De acordo com a pesquisadora, alguns estudos indicam que a exposição ao sol ao longo do tempo pode deteriorar a proteção de óculos escuros à radiação UV. As lentes podem tornar-se mais claras e leves, alterando a categoria em que estão classificadas de acordo com a transmitância luminosa – quantidade de luz visível que pode passar pela lente.

Além disso, a exposição dos óculos a níveis elevados de radiação UV pode diminuir a resistência ao impacto das lentes, tornando-as mais suscetíveis a estilhaçar.

Para assegurar a proteção solar dos produtos comercializados atualmente, as normas técnicas internacionais – nas quais o Brasil se espelhou – estabelecem que o produto seja submetido a um teste que estima a alteração da categoria das lentes em razão da exposição solar ao longo do tempo. “Essas normas, contudo, não fazem referência à análise da degradação da proteção ultravioleta, o que deveria ser um dos principais itens de estudo neste teste”, pondera Liliane Ventura.

Os pesquisadores da USP contribuíram na redação da primeira norma brasileira de óculos para proteção solar – a NBR 15111, publicada em 2003 – e na revisão da regra, em 2013, sugerindo parâmetros mais adequados à realidade nacional. Cópia fiel da norma europeia, a brasileira estabelecia até 2013 que os óculos de sol comercializados no país deveriam proporcionar filtros para proteção à radiação solar no comprimento de onda entre 280 e 380 nanômetros (nm).

Um estudo publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no início de 2010, contudo, indicou que a radiação UV no comprimento de onda de até 400 nm também causava danos para a saúde ocular. “Constatamos que os limites de irradiância solar que temos no Brasil estavam muito fora dos limites de exposição considerados seguros para a saúde ocular estabelecidos pela OMS”, afirma a professora da Escola de Engenharia de São Carlos, da USP.

Por meio de um estudo, os pesquisadores conseguiram que a norma brasileira fosse alterada em 2013 e que o intervalo de proteção à radiação conferida pelos óculos escuros comercializados no Brasil passasse a ser de 280 a 400 nm. Em 2015, porém, a regra caiu e foi substituída pela ISO 12312-1, que estabelece que os óculos de sol comercializados no país devem possuir filtros que confiram proteção à radiação UV no comprimento de onda de 280 a 380 nm, conforme a norma europeia e a primeira versão da brasileira.

“Essa norma precisa ser revista. Os limites de proteção à exposição à radiação UV estabelecidos são insuficientes para proteger efetivamente a saúde ocular dos brasileiros”, critica Liliane Ventura.

Segundo os pesquisadores, a exposição à radiação UV varia entre as latitudes mundiais, sendo que os países tropicais são expostos a índices extremamente elevados tanto no verão como no inverno. Desta forma, os óculos de sol usados em países do hemisfério sul podem ter que ser substituídos mais frequentemente dos que os utilizados no hemisfério norte, uma vez que, de forma geral, esses últimos países estão situados em latitudes mais elevadas.

Fonte: Revista Encontro

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