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Testes on-line de visão afastam pacientes da medicina

Questionamentos como “pelo teste que acabei de fazer é muito provável que eu tenha um daltonismo leve. Como meu oftalmologista nunca percebeu isso?”, “fiz um teste da minha visão de contraste online e acho que a prescrição das lentes dos meus óculos está errada, pois segundo o site XXX, deveria estar usando as lentes XXX…” ou “acabei de fazer um exame de vista na minha sala de estar com meu laptop. E fiquei muito preocupada com o resultado” são apenas algumas das dúvidas dos pacientes após realizarem alguns testes para a visão, que ficam disponíveis online gratuitamente na internet. “A internet trouxe ônus e bônus para a medicina e especialmente para a relação médico-paciente. Não são poucas as vezes em que o oftalmologista, além de consultar, ainda tem que dispender tempo em educar seu paciente, desmistificando uma série de mitos e esclarecendo uma série de informações sem cunho científico recolhidas na web. Após ouvir muitos rumores sobre os teste de visão online, eu mesmo me surpreendi ao digitar hoje no maior buscador de informações da Internet as palavras ‘testes de visão online’ e me deparar com 569.000 resultados”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion (CRM-SP 13.454), diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.

Os serviços de teste de visão online se dividem basicamente em dois grupos: os gratuitos, com análises genéricas, que tem o claro objetivo de conduzir o paciente ao consultório de um oftalmologista ou a uma ótica. “Pagos ou gratuitos, são quase como curiosidades em sites, conteúdo completamente desnecessário e irresponsável. Se vai confundir o paciente, não devia estar lá…”, avalia Centurion.

Há também os testes de visão pagos, como o desenvolvido pela Opternative, que emitem a prescrição dos óculos ou das lentes de contato via Internet, deixando claro que o teste de visão é gratuito, o internauta só paga pela prescrição, portanto não são gratuitos. São US$ 40 por uma prescrição para os óculos ou lentes de contato. Se o internauta desejar a prescrição para ambos, o serviço sai por US$ 60. A Associação Americana de Optometria não endossa os testes de visão online.

“A Opternative é uma startup. É interessante ter a vocação para inovar, mas é preciso ter muita responsabilidade para inovar na área da Saúde. O teste desenvolvido pela empresa americana avalia apenas a acuidade visual: miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia. Isso significa que problemas como glaucoma, degeneração macular, catarata e doenças da retina passariam despercebidos nesse tipo de exame. Insistimos muito com os pacientes para a realização de uma consulta oftalmológica anual. Os vícios de refração são apenas um tópico da consulta. Num exame ocular de rotina, o oftalmologista faz a anamnese das queixas atuais e do histórico familiar do paciente, verifica a acuidade visual, examina a motilidade ocular, observa o fundo do olho, afere pressão intraocular e também diagnostica vícios de refração”, afirma a oftalmologista Sandra Alice Falvo (CRM-SP 59.156), que integra o corpo clínico do IMO.

A oftalmologista também destaca que há certas condições que são exigidas durante um teste de visão que não são reproduzidas quando o paciente faz o teste pelo computador/tablet/celular, como a iluminação do consultório oftalmológico e o ato de comprimir os olhos para enxergar melhor — duas coisas que podem alterar os resultados. Um teste online não é a mesma coisa que um exame oftalmológico. Este último, conduzido no consultório médico, pode identificar condições como glaucoma, catarata, olhos secos e retinopatia diabética.

“O internauta também não pode simplesmente fazer um teste e sair usando lentes de contato. É preciso indicação para o uso de lentes de contato. É preciso saber quais são as melhores lentes para cada um, ou seja, é preciso que o oftalmologista avalie a córnea do paciente. Depois é preciso contar com um bom serviço para adaptação ao uso das lentes, que ofereça suporte ao paciente, o que requer o auxílio do optometrista. Pular estas etapas pode fazer com que as lentes não se encaixem corretamente, o que pode aumentar o risco de infecção nos olhos, conjuntivites, doenças na córnea. Por todas essas razões, não recomendamos a realização desses testes nem para diversão e passatempo”, avisa Sandra Falvo.

Fonte: Segs

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