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SBP atualiza recomendações sobre saúde de crianças e adolescentes na era digital

SBP atualiza recomendações sobre saúde de crianças e adolescentes na era digital

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou na terça-feira dia 11/02, o Manual de Orientação #MenosTelas #MaisSaúde com o objetivo de promover a saúde e o bem-estar de crianças e adolescentes em contato constante com tecnologias digitais, como smartphones, computadores e tablets. O documento, elaborado pelo Grupo de Trabalho sobre Saúde na Era Digital da SBP, complementa e atualiza as recomendações lançadas pela entidade em 2016 sobre o tema.

Na avaliação da presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva, diversas pesquisas têm demonstrado a urgência do tema para a sociedade e a amplitude dos riscos envolvidos, especialmente para o desenvolvimento de transtornos de saúde mental e problemas comportamentais, segundo os atuais critérios do CID-11 sobre dependência digital.

De acordo com a publicação, a multiplicação do acesso aos vários aplicativos, redes sociais e jogos online direcionados à população entre zero e 19 anos requer cada vez mais a atenção de todos que têm como responsabilidade lutar em defesa dos direitos da infância e adolescência. Dados da pesquisa TIC Kiks Online – Brasil (2018), realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), revelam que 86% das crianças e adolescentes brasileiros, entre 9 e 17 anos, estão conectados, o que corresponde a 24,3 milhões de usuários da internet.

Cerca de 20% dos participantes do levantamento relataram contato com conteúdos sensíveis sobre alimentação ou sono; 16% com formas de machucar a si mesmo; 14% com fontes que informam sobre modos de cometer suicídio; 11% com experiências com o uso de drogas. Além disso, cerca de 26% foram tratados de forma ofensiva (discriminação ou cyberbullying); e 16% relataram acesso às imagens ou vídeos de conteúdo sexual. Outros 25% assumiram não conseguir controlar o tempo de uso, mesmo tentando passar menos tempo na internet.

Segundo o documento, as novas mídias preenchem vácuos ócio, tédio, necessidade de entretenimento, abandono afetivo ou mesmo pais ‘ultraocupados’, muitas vezes, com seus próprios celulares. As consequências, tanto do acesso a conteúdo inadequado quanto do uso excessivo, têm sido constatadas nos relatos de acidentes, abusos de privacidade, distúrbios de aprendizado, baixo desempenho escolar, atrasos no desenvolvimento, entre outros.

 

Entre as principais orientações atualizadas pelo novo Manual de Orientação da SBP, destacam-se:

Evitar a exposição de crianças menores de dois anos às telas, mesmo que passivamente;

Limitar o tempo de telas ao máximo de uma hora por dia, sempre com supervisão para crianças com idades entre dois e cinco anos;

Limitar o tempo de telas ao máximo de uma ou duas horas por dia, sempre com supervisão para crianças com idades entre seis e 10 anos;

Limitar o tempo de telas e jogos de videogames a duas ou três horas por dia, sempre com supervisão; nunca “virar a noite” jogando para adolescentes com idades entre 11 e 18 anos;

Para todas as idades: nada de telas durante as refeições e desconectar uma a duas horas antes de dormir;

Oferecer como alternativas: atividades esportivas, exercícios ao ar livre ou em contato direto com a natureza, sempre com supervisão responsável;

Criar regras saudáveis para o uso de equipamentos e aplicativos digitais, além das regras de segurança, senhas e filtros apropriados para toda família, incluindo momentos de desconexão e mais convivência familiar;

Encontros com desconhecidos online ou off-line devem ser evitados; saber com quem e onde seu filho está, e o que está jogando ou sobre conteúdos de risco transmitidos (mensagens, vídeos ou webcam), é responsabilidade legal dos pais/cuidadores;

Conteúdos ou vídeos com teor de violência, abusos, exploração sexual, nudez, pornografia ou produções inadequadas e danosas ao desenvolvimento cerebral e mental de crianças e adolescentes, postados por cyber criminosos devem ser denunciados e retirados pelas empresas de entretenimento ou publicidade responsáveis.

 

Para a SBP, as experiências adquiridas por crianças e adolescentes por meio das telas – como a aprendizagem da agressividade e intolerância manifesta nos jogos e redes –, se não forem melhor reguladas, terão impacto no comportamento e estilo de vida até a fase adulta.

 

Entre os principais problemas médicos que podem afetar a saúde da população pediátrica, constam:

Dependência Digital e Uso Problemático das Mídias Interativas;

Problemas de saúde mental: irritabilidade, ansiedade e depressão;

Transtornos do déficit de atenção e hiperatividade;

Transtornos do sono;

Transtornos de alimentação: sobrepeso/obesidade e anorexia/bulimia;

Sedentarismo e falta da prática de exercícios;

Bullying & cyberbullying;

Transtornos da imagem corporal e da autoestima;

Riscos da sexualidade, nudez, sexting, sextorsão, abuso sexual, estupro virtual;

Comportamentos autolesivos, indução e riscos de suicídio;

Aumento da violência, abusos e fatalidades;

Problemas visuais, miopia e síndrome visual do computador;

Problemas auditivos e PAIR, perda auditiva induzida pelo ruído;

Transtornos posturais e músculo-esqueléticos;

Uso de nicotina, vaping, bebidas alcoólicas, maconha, anabolizantes e outras drogas.

 

O Manual de Orientação da SBP traz também ressalvas sobre o hábito cada vez mais frequente de oferecer para a criança o smartphone ou celular utilizado pelos pais, como forma de distrair a atenção do bebê. Denominada de distração passiva, a prática é resultado da pressão pelo consumismo dos “joguinhos” e vídeos nas telas, algo prejudicial e frontalmente diferente de brincar ativamente, um direito universal e temporal de todas as crianças em fase do desenvolvimento cerebral e mental.

Como explica a dra. Evelyn Eisenstein, membro do Grupo de Trabalho e uma das autoras do Manual, nada substitui o afeto humano. “O olhar, a expressão facial, todo esse contato com a família é vital para a criança pequena. Uma fonte instintiva de estímulos e cuidados que não pode ser trocada por telas e tecnologias e são fundamentais para o desenvolvimento da linguagem, das habilidades cognitivas e sociais. Atrasos nessas áreas são frequentes em bebês que ficam passivamente expostos às telas, por períodos prolongados”, disse.

A publicação destaca ainda a importância de pais e responsáveis estarem atentos à ferramenta de Classificação Indicativa, promovida no País pelo Ministério da Justiça e Cidadania. Um portal e guia prático estão acessíveis para consultas sobre quais games, filmes, vídeos e outros conteúdos são – ou não – recomendados de acordo com a idade e a compreensão das crianças e adolescentes.

Os critérios são determinados como livre, com exibição adequada em qualquer horário e para qualquer faixa etária, ou inadequados para idades abaixo de dez, 12, 14, 16 e 18 anos. “Os conteúdos não estão proibidos ou censurados, são sugestões. Os pais podem discordar ou denunciar qualquer conteúdo direto com as emissoras de televisão, anunciantes, patrocinadores, empresas de comunicação em relação à responsabilidade social, ou podem também denunciar ao Ministério Público e às entidades de proteção”, reforça o texto.

O Grupo de Trabalho sobre Saúde na Era Digital da SBP é composto pelos pediatras dra. Evelyn Eisenstein; Luci Pfeiffer; Marco Antônio Chaves Gama; Susana Estefenon; e Suzy Santana Cavalcanti. Também auxiliaram no desenvolvimento do documento como colaboradores: Eduardo Jorge Custódio da Silva; Emmalie Ting; Cristiano Nabuco de Abreu; Alessandra Borelli; Luisa Adib Dino; Alexandre Barbosa; e Rodrigo Nejm.

 

Fonte: sbp.com.br

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